Necrochorume, isto pode aparecer na sua torneira.
Sepultar cadáveres no solo é uma questão ambientalmente complicada que envolve muitos riscos. Após a morte, começa um processo de decomposição por microrganismos que torna líquido os tecidos moles do corpo. Este líquido é chamado necrochorume. Ele é de consistência viscosa, de cor castanho-acinzentada, constituído por água, sais minerais e compostos orgânicos.
Ao vazar dos caixões, o líquido chega ao solo e continua a ser decomposto. Gorduras, por exemplo, são degradas em ácidos graxos, aumentando a acidez do solo, afetando negativamente a sobrevivência das bactérias do solo.
O necrochorume pode infiltrar no solo e chegar ao lençol freático, contaminando as águas subterrâneas, especialmente as mais rasas, utilizada na maioria dos poços artesianos para fornecimento de água a população. A contaminação tem potencial de afetar a saúde humana, pois possui substâncias tóxicas e uma série de microrganismos, alguns patogênicos. São exemplos de doenças associadas aos cemitérios: hepatite A, tuberculose, febre tifoide, poliomielite e diarreia. Em alguns casos, o acúmulo de nutrientes nitrogenados nas águas subterrâneas pode causas meta-hemoglobinemia, uma condição que dificulta o transporte de oxigênio pela hemoglobina, deixando a pele do doente com aspecto azulado.
A atmosfera também é afetada pela decomposição dos cadáveres, pois são liberados vários gases, como o gás sulfídrico (H2S) que tem odor desagradável, lembrando cheiro de ovo podre, e os gases dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), que são gases estufa.
Além dos impactos resultantes da decomposição do corpo, outros fatores podem ser considerados nos impactos ambientais, como as substâncias utilizadas na preparação dos cadáveres, como o formol, os produtos químicos usados no processo de produção dos caixões, a prata usada no revestimento das alças dos caixões e mesmo substâncias radiativas eliminadas dos cadáveres submetidos a intensa radioterapia e exames de rádio imagem.
Visando diminuir o impacto do sepultamento de cadáveres em cemitérios há algumas saídas, como o depósito dos corpos em cemitérios verticais com sistemas de confinamento e tratamento do necrochorume e gases. Mas, o melhor procedimento é a cremação, processo que os corpos submetido a altas temperatura são convertidos em cinzas. O processo consome muita energia e libera gases estufa, mas elimina os microrganismos potencialmente perigosos e não forma o necrochorume, preservando o solo e águas subterrâneas, dificultando que resíduos dele apareçam na sua torneira.
Prof. Marco Nunes
Editor do Nerd Cursos - Biologia
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Vitória da Conquista - Bahia - Brasil
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