Os superpoderes dos tardígrados

Os tardígrados pertencem a um filo de animais invertebrados (Filo Tardigrada), praticamente microscópicos, conhecidos popularmente como ursos-da-água. Abrange cerca de 1100 espécies conhecidas e vivem em bancos de musgos e na água se alimentando de algas. Trata-se de um grupo muito antigo, que surgiu a cerca de 500 milhões de anos atrás, e foi um dos poucos grupos sobrevivente aos principais eventos de extinção em massa ocorridos na Terra, causados por mudanças ambientais.

Provavelmente, a longevidade do grupo deve-se a sua capacidade de sobreviver a condições extremas, como temperaturas muito baixas, inferiores a 270ºC, elevadas, superiores a 150ºC, e a ambientes extremamente secos por décadas. São tão resistentes, que sobrevivem por até 10 dias ao vácuo espacial, sem oxigênio e exposto a quantidades elevadas de radiação.

A grande resistência dos tardígrados a condições ambientais estressantes, especialmente a desidratação, ocorre por um processo chamado criptobiose, onde, o animal secreta uma capa protetora que o envolve, mantendo-os vivos com baixíssima taxa metabólica. Quando as condições favoráveis retornam, especialmente, a umidade, o metabolismo é reativado e o animal volta as suas atividades corriqueiras de alimentação e reprodução.

Com tantos “poderes”, os tardígrados chamaram a atenção da comunidade científica. Tiveram seu genoma sequenciado e em estudos de engenharia genética, alguns genes de tardígrados foram inseridos em células de mamíferos, que passaram a produzir proteínas transgênicas protetoras do DNA contra danos provocados pelos raios-x, diminuindo em 40% as alterações do DNA celular.

A ação das proteínas reparadoras do DNA dos tardígrados podem ter grande potencial medicinal, como paliativa em terapias com uso de raios-x, na tentativa de curar doenças que envolvem alterações genéticas, como vários tipos de câncer e mesmo no processo de envelhecimento. É! O entendimento dos superpoderes dos tardígrados são um tesouro a ser explorado.

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