Quando a gripe pode matar?

Segundo estatísticas da organização mundial de saúde, o vírus da gripe infecta bilhões de pessoas a cada ano. Para a maioria dos doentes, ela não passa de um incomodo, mas para cerca de 500 mil pessoas ela é mortal, especialmente, para pessoas muito jovens, idosas ou imunodeprimidas. Para entender como a gripe pode causar a morte é necessário recordar algumas características básicas dos vírus. Eles são acelulares e sem uma maquinaria celular não possuem metabolismo próprio. Obrigatoriamente, parasitam células para formarem novos vírus, podendo neste processo matar as células hospedeiras. No caso específico do vírus da gripe, eles invadem células do tubo respiratório (da cavidade nasal, faringe, laringe, brônquios e dos pulmões). Para entrar nas células utilizam uma proteína viral chamada hemaglutinina (Hn) que ao fazer contato com a membrana celular das células hospedeiras, permite a fusão do envelope membranoso do vírus com a membrana celular, permitindo a invasão viral. No citoplasma, o RNA viral é replicado e se expressa permitindo a formação de novos vírus. Para sair da célula hospedeira, o vírus da gripe utiliza uma proteína viral chamada neuraminidase (Nn), que rompe a membrana celular. Os tecidos dos órgãos respiratórios danificados, podem ser invadidos por bactérias oportunistas da pele (Staphylococcus aureus) e do tubo respiratório (Streptococcus pneumoniae). Em pessoas saudáveis, a presença do vírus e das bactérias estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos, que se ligam aos patógenos, marcando-os para serem destruídos pelas células de defesa. Mas, se a resposta imunológica não for apropriada, as bactérias oportunistas chegam no sangue podem se instalar em vários órgãos, causando um quadro perigoso de sepse (infecção generalizada), que muitas vezes é mortal. Quando os vírus da gripe invadem as células alveolares dos pulmões, um intenso processo inflamatório pode ocorrer, estimulando uma intensa produção de muco, o que dificulta as trocas gasosas, levando a uma pneumonia potencialmente mortal.